Transplante de Microbiota Fecal
O transplante de microbiota fecal (TMF) consiste na transferência de microbiota, isolado a partir das fezes de dadores saudáveis, a indivíduos com disbiose, ou seja, com um desequilíbrio no seu microbiota intestinal. O objetivo é tratar uma doença específica através da reposição do equilíbrio das bactérias existentes no intestino.
Processo
Os dadores elegíveis são escolhidos por serem saudáveis e não representarem risco para os beneficiários. São criteriosamente selecionados, após um vasto leque de análises ao sangue e às fezes, de forma a descartar a presença de vários agentes patogénicos como vírus, bactérias e parasitas.
O microbiota fecal é isolado a partir das fezes dos dadores saudáveis num ambiente controlado e de acordo com as boas práticas de fabrico. As preparações de microbiota para transplante podem depois ser administradas através de enema, colonoscopia, endoscopia ou através de cápsulas.
Este processo ocorre em contexto clínico controlado e com o devido acompanhamento médico.
Indicações Terapêuticas
Atualmente o transplante de microbiota fecal está indicado no tratamento de Infeção recorrente por Clostridioides difficile, resistente a antibióticos. As bactérias existentes em dadores saudáveis são capazes de restabelecer o equilíbrio intestinal no paciente transplantado podendo combater definitivamente a infeção por C. difficile. A eficácia do TMF a combater este tipo de infeção chega aos 90%.
A infeção por C. difficile. é uma das infeções hospitalares mais prevalentes e que acarreta um maior risco de vida para os utentes.
A aplicação do TMF em várias outras patologias, que afetam o trato gastrointestinal, está já a ser testada em diversos ensaios clínicos.
Mais sobre a infeção por Clostridioides difficile:
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A infeção por Clostridioides difficile (”Clostridioides difficile infection”-CDI) é uma das principais e mais graves infeções hospitalares.
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Os sintomas de CDI podem ir desde diarreia a complicações graves que podem ameaçar a vida e é a principal causa de diarreia associada aos cuidados de saúde.
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Normalmente, a CDI resulta do uso de antibióticos que desregulam o normal funcionamento das bactérias intestinais permitindo que Clostridioides difficile prolifere.
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Os doentes em especial risco de desenvolver CDI são os idosos hospitalizados ou em estruturas de cuidados continuados.
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Os doentes hospitalizados com CDI têm até três vezes mais probabilidades de morrer no hospital do que aqueles sem a infeção.
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Cerca de 25% dos doentes com esta infeção sofrem recorrência no espaço de um mês e os doentes que já tiveram uma recorrência têm um risco de 40% sofrer um novo episódio de CDI.
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O maior problema associado ao tratamento de CDI é a elevada probabilidade de recorrência da infeção, facto que causa maior sofrimento ao doente e aumenta substancialmente os custos associados ao sistema de saúde.
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O TMF é uma solução eficaz no tratamento de CDI recorrente, resistente a antibióticos, diminuindo o tempo de internamento e a probabilidade de recorrência da infeção.